sábado, 30 de janeiro de 2016

“Salve a chama sempre viva...”



Alguns torcedores lembraram ontem deste trecho do hino do São Bento, inspirador para muitas passagens da gloriosa história do Azulão Sorocabano. Afinal, quantas dificuldades nestes mais de 102 anos de história. Por quantas vezes o clube já foi dado como falido, afundado em dívidas, com as portas a serem fechadas etc.

Com profissionalismo, pés no chão, trabalho árduo, pouco dinheiro, paixão e, acima de tudo, acreditar no que faz, voltamos à elite estadual.

No primeiro ano de volta à A1, mesmo com a apreensão inicial, uma campanha surpreendente. Aliás, a melhor dos últimos 30 anos, com apenas duas derrotas por 1x0 para dois times grandes e um 9º lugar. Colocação que só não classificou para a fase eliminatória devido ao absurdo regulamento, pois somou pontos suficientes para tal.

Após um segundo semestre de dificuldades financeiras e técnicas, com uma esquecível Copa Paulista, veio toda expectativa para o Paulistão 2016, para que possamos igualar ou até superar a campanha de 2015. Por que não pensar na classificação para o mata-mata ou em uma sonhada vaga na Série D do Brasileiro?

A estreia não poderia ser melhor: na nossa casa, contra o Ituano, rival regional que, nos últimos anos, vem colhendo os frutos de um ótimo trabalho. Eis que na véspera do tão esperado reencontro, somos surpreendidos da pior maneira possível...

Querer apontar culpados, julgar responsabilidades ou jogar pedras em quem quer que seja não vai adiantar nada. Fato concreto, o jogo da abertura será a mais de 65 Km distante de casa, local no qual o calor da sempre vibrante torcida será substituído pelas frias e praticamente vazias arquibancadas Grande São Paulo, onde as pessoas ao redor mal saberão quem serão as equipes em campo.

Sem contar que esta interdição por parte da Federação Paulista de Futebol (FPF) pode se estender por até 30 dias. Sendo assim, perdermos a vantagem conquistada dentro de campo de fazer um jogo a mais em casa (incluindo dois jogos contra os times grandes). Em um campeonato no qual seis equipes serão rebaixadas, isto pode sim fazer a diferença.

Além do banho de água gelada causado pela interdição, a mudança de última impossibilitou minha presença hoje e talvez nas próximas partidas, pois minhas condições financeiras atuais não permitem que faça o caminho até Barueri hoje. Saindo da minha casa de carro, estou no “Walter Ribeiro” em no máximo 10 minutos...

Da minha casa, pelas ondas do rádio e da TV, mandarei minhas energias como se lá estivesse. Sempre pensando que esta será uma dificuldade muito pequena diante de tantas que o Bentão passou e sobreviveu.

E só pensar nelas como aquela noite na recente e longínqua série A3 de 2013, em que saiu gol aos 47’ do 2º tempo; ou a campanha da A2 em 2014, quando a vaga parecia nos escapar entre os dedos, mas saíram aquele gol de falta no CIC e os outros em Santo André e Catanduva, que nos levaram de volta à A1. Isto é ser São Bento!

Boa jornada aos guerreiros que já sabem a força deste símbolo, representante do orgulho do povo de uma cidade, e aos que aqui estão chegando, especialmente aqueles cercados de desconfiança que buscam novos dias de glória. Mostrem a verdadeira força da tradição do futebol do interior, principalmente aos que o futebol e feito somente de arenas padrão Fifa, reprodução de ligas e modelos internacionais e que os estaduais representam o atraso. Como se fossem os clubes “pequenos” as causas, e não vítimas, das tantas mazelas no mundo da bola que conhecemos...

Acima de tudo: multipliquem à enésima potência a força de cada voz que estiver hoje acompanhando esta atípica partida. Boa jornada, guerreiros!

"Salve a chama sempre viva,
que me inspira, minha lira
de torcedor!
Salve o afã beneditino,
nossa história, mais um hino,
meu imenso amor!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário