segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A gourmetização do futebol



Um dos costumes mais antigos do futebol é a entradas das crianças junto com os jogadores, os chamados "mascotes". Uniformizadas, muitas sonham com este momento de pisar no gramado junto com suas equipes de coração e permanecer, mesmo que por alguns instantes, junto aos ídolos.

A tradição vem se mantendo ao longo dos anos, embora patrocinadores imponham normas ao que antes era espontâneo, por exemplo, limitando a presença somente de uma ou duas crianças com cada atleta.

Até por isso, me espantei ao ler que Bebês no colo de jogadores podem fazer time ficar sem torcida na Libertadores. A notícia é assustadora, afinal, o principal torneio sulamericano de clubes ainda caracteriza-se por ser uma espécie de refúgio contra a chamada gourmetização do futebol.



Mais um exemplo absurdo de quererem impor artificialmente um costume fora de nossas tradições está na edição deste ano do Campeonato Paulista. Ao invés da belíssima peça de opera da Uefa Champions League, ouvimos um jingle sofrível chamado de “hino”, na maioria das vezes, por meios das caixas de som dos estádios carentes de infraestrutura do interior de São Paulo.

Somente ao término da canção, as duas equipes devem entrar em campo lado a lado (acompanhada por número limitado de mascotes), posar para fotos em frente a um portal e, após o Hino Nacional, o árbitro pega a bola de um pedestal para dar início à partida.

A atrapalhada tentativa da Federação Paulista de Futebol (FPF) de "europeização" só serve, na prática, para esfriar a tradicional festa das torcidas, como tenho presenciado no CIC. Mesmo com as equipes entrando juntas, era tradicional o São Bento subir a campo ao som do hino do clube. E a torcida já ia se esquentando aos primeiros versos do "Gol sorocabano, vai ganhando, Azulão..."



Sem papo modinha de “ódio ao futebol moderno”, mas por que nossos ilustres dirigentes não se preocupam com o que de fato é importante?

Combate à corrupção, condições pra gerar mais renda aos clubes, combate à violência, calendário no ano todo e competições mais rentáveis aos clubes do interior são alguns exemplos.

Além do preço dos ingresso, que associado à violência, vem afastando muitos torcedores ao longo dos anos, temo que, em breve, sejamos proibidos de torcer e os estádios (ou arenas) se tornem grandes teatros: todos sentados, em silêncio, só aplaudindo na hora do gol...

Foto: http://amerj.org.br

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