quarta-feira, 2 de março de 2011

“Music is very good!!!”



Parece inacreditável para mim e para muitas pessoas, mas nesta quinta-feira (2), se completam 15 anos do acidente aéreo que tragicamente matou os integrantes da banda Mamonas Assassinas. Além da famosa sensação do “parece que foi ontem”, para mim, é estranho constatar que a geração de crianças e adolescentes que vive hoje no Brasil não teve nenhum contato com a banda.

A banda foi indiscutivelmente um fenômeno da música brasileira, atingindo, em 1995, números impossíveis de serem igualados na atual era de MP3 e downloads. Em apenas 8 meses, as vendas do seu único CD ultrapassaram os 2,5 milhões de cópias, com mais de 300 shows realizados ao redor do país.

Tinha 12 anos quando os Mamonas surgiram, representando um marco para minha geração. Afinal, a banda supria as necessidades que sentíamos de auto-afirmação: de que havíamos deixado de ser crianças para ser adolescentes, de ouvir rock, falar besteira...

Se bem que o humor anárquico, o carisma dos músicos, as fantasias e coreografias com que se apresentavam, nos agradavam justamente por ainda sermos crianças, assim como conquistaram o público infantil também. Assim como nós, as crianças cantavam de cor todas as músicas do grupo, embora a maioria, a exemplo do Manoel, não soubesse o que era a tal de suruba...


Para mim, a tragédia provocou um impacto semelhante à morte de Ayrton Senna, que já mencionei outro dia. A tristeza foi mais acentuada por uma triste ironia do destino. Exatamente em 12 de janeiro de 1996, menos de 2 meses antes do acidente, os Mamonas fizeram um show em Sorocaba, aberto ao público infantil, no mesmo dia do aniversário do minha avó.

Manifestei meu desejo de ir ao show, inclusive iria com alguns amigos, que os pais de um deles nos levariam e dormiríamos na casa deles – dormir fora, na casa de um amigo, era o máximo de independência que podíamos ter àquela altura da vida! Até por isso, minha mãe não permitiu que fosse ao show e rumei para Botucatu entristecido e contrariado. A justificativa da minha mãe era que "no próximo show, eu iria..."

O final da história, todos sabemos: não houve outro show, nem outro CD de inéditas, nem eles na TV, nem mais nada. De certo modo, o trágico fim no auge mitificou a banda, sem deixar margens para questionamentos se eles teriam fôlego para continuar.



Ouvindo as músicas e assistindo aos clipes novamente hoje em dia, tenho a sensação que sim, pois eles tinham qualidades como músicos e humoristas, que poderia amadurecer e modificar, mas se manter em alto nível.

Como exemplo, recomendo ouvir a variedade de estilos musicais do CD, o conteúdo das letras e o talento de Dinho como intérprete e imitador, como Belchior, Titãs, Raça Negra, Negritude Jr. e faixas como “Robocop Gay” e “Chópis Centis”.

Enfim, mas a exemplo do show que nunca vou assistir, nunca teremos resposta. Então, vamos recordar aquilo que foi bom!


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